divulgação de livros; comentário de obras lidas; opiniões; literatura portuguesa; literatura estrangeira
"A minha riqueza, a que já possuía acrescida à que meu marido me deixou, permite-me sustentar vida de luxo. Retomo a minha oficina de cópia de livros, infundo-lhe dinamismo e acrescento a biblioteca particular.
Pretendo levar vida recatada, mas não tarda veja a casa invadida por um grupo de mães acompanhadas das filhas.
Primeiro foram só duas, Dórida e Lísis.
— Querida Safo — diz Lísis —, importas-te de ensinar às nossas filhas a música e a dança? Não tarda virem aí as festas de Afrodita..."
Fernando Campos, A Rocha Branca, Alfaguara, 2011 (uma biografia romanceada de Safo)
De novo o irresistível Eros,
doce-amarga, invencível criatura,
me tortura, ó Átis. E tu,
ressentida comigo,
voas para Andrómeda.
Safo - poetisa de Lesbos, séc. VII-VI a.C.(tradução de Albano Martins)
Fernando Campos, A Rocha Branca, Alfaguara, Outubro de 2011, 246 páginas.
É o regresso de Fernando Campos às origens da sua formação académica — o mundo da antiguidade clássica, a língua e a cultura.
Desta vez é a poetisa Safo que inspira o autor. Num discurso cheio de poesia, com um apuro, uma delicadeza e uma riqueza de linguagem de que só este mestre é capaz, acompanhamos a poetisa Safo falando da sua vida, da sua poesia, dos seus amores.
Aliando o conhecimento histórico com a ficção, Fernando Campos descreve-nos os costumes da Grécia antiga, apresenta-nos personagens reais, mitológicas e fictícias, dá-nos a conhecer alguns poemas da poetisa de Lesbos e introduz canções da sua própria autoria. A língua grega aparece nos poemas acompanhada de tradução, dando-nos, desse modo, uma maior riqueza histórica e cultural.
Os locais são descritos em pormenor, sentimo-nos lá, presentes.
E Safo, o amor, a paixão percorrem este romance, cheio de mistérios, de crenças no sobrenatural, de poesia.
Uma leitura que encanta, que nos mostra como se pode usar a língua e a sua riqueza lexical com todo o rigor e propriedade.