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Leituras

divulgação de livros; comentário de obras lidas; opiniões; literatura portuguesa; literatura estrangeira

Leituras

divulgação de livros; comentário de obras lidas; opiniões; literatura portuguesa; literatura estrangeira

José Eduardo Agualusa, O vendedor de passados, Quetzal, 2017, 145 páginas

 

Em mais uma sátira à sociedade angolana da actualidade, Agualusa apresenta-nos aqui uma personagem que, com os seus conhecimentos históricos, com os livros que herdou do pai, um português, se dedica a construir passados para aqueles que, tendo dinheiro, não têm uma história. Nesses falsos passados, que ele constrói, os homens poderosos do seu tempo, de militares a políticos, enfim, os ricos, a burguesia angolana ganha mais confiança em si, ao ponto de se convencer que aquele passado é mesmo verdadeiro.

Assim se vai construindo uma memória feita de equívocos, de construções fantasiosas, de sonhos que, por vezes, se transformam em pesadelos.

O narrador, também ele uma fantasia, um humano que se viu reduzido, metamorfoseado num minúsculo animal, vai observando o que se passa na casa deste construtor de passados, numa visão privilegiado que lhe permite assistir ao desenrolar dos acontecimentos e, ao mesmo tempo, ir contando os sonhos do seu passado humano. Para credibilizar a sua existência entra em diálogo com as personagens. Em sonho? Na mente de cada um?

Uma narrativa cheia de imaginação onde sonho e realidade se misturam, levando as personagens a viver na fantasia para esquecer os seus problemas, as suas frustrações.