Manuel Jorge Marmelo, Uma Mentira Mil Vezes Repetida, Quetzal, 2011, 206 páginas.
Prémio Correntes d' Escrita 2014.
Da literatura escrita à velha arte de contar histórias, a narrativa oral tradicional.
Como se faz literatura, como se faz um escritor famoso...
A obra é uma parábola sobre a arte literária, sobre a invenção, sobre a relação entre a narrativa literária e a vida real. É também uma crítica à "crítica" literária, à investigação em literatura.
O narrador, um escritor falhado, diverte-se, nas viagens de autocarro pela cidade, a contar às pessoas as histórias de um livro que finge ler, um livro que nunca existiu. E dessa narrativa de histórias do livro que vai a ler passa à narrativa da biografia do pseudo-autor desse suposto livro. E já se imagina a ser entrevistado para falar sobre o autor, um desconhecido para todos, a fazer palestras nas universidades, a ser ele próprio famoso por poder, com os seus conhecimentos sobre esse famoso e desconhecido escritor, contribuir para a história da literatura.
Um livro extraordinário que bem mereceu o prémio que lhe foi atribuído.
"Poderia escrever Cidade Conquistada e submeter-me aos mecanismos normais de reconhecimento literário, às entrevistas e às sessões de autógrafos sem clientes, ao sufrágio da crítica e à opinião dos leitores, os quais seriam livres de gostarem ou não do que eu escrevesse. Mas correria, nesse caso, um risco excessivo e pouco compensador."...