divulgação de livros; comentário de obras lidas; opiniões; literatura portuguesa; literatura estrangeira
Alice Munro, O Progresso do Amor, Relógio d' Água, 2011(ed. original 1986), 305 páginas.
Alice Munro — escritora canadiana, Prémio Nobel da Literatura 2013.
O Progresso do Amor é o título do primeiro conto desta colectânea de onze contos.
Nestas narrativas curtas podemos admirar a extraordinária mestria da autora na caracterização de personagens e na descrição dos locais.
Uma leitura que nos arrasta, com prazer, por estes ambientes citadinos e rurais de um Canadá de outros tempos, e nos dá bem a imagem do que podemos entender por "arte de narrar". Na realidade, nestas histórias curtas, a autora consegue, com uma notável estrutura narrativa, fazer um percurso geracional, caracterizar admiravelmente as personagens e os espaços, tanto o espaço físico, como o espaço social.
Mereceu, com justiça, o prémio que lhe foi atribuído.
Esther Friesner, Helena de Esparta Princesa de Ninguém, Bertrand, 2009, 298 páginas.
Mais um romance de tema clássico, este sobre a lendária Helena de Esparta, cujo rapto provocou a guerra de Tróia.
A autora optou por nos dar uma visão diferente. Desta vez, não encontramos a conhecida história da rainha espartana, nem a sua partida para Tróia, nem a guerra entre gregos e troianos. Esther Friesner seguiu um caminho novo e ousado. Apresenta-nos uma jovem Helena que foge a todos os cânones da educação de uma rapariga espartana. Helena é atrevida, sem ser propriamente rebelde, é uma jovem que discorda do tipo de educação dada às mulheres, que foge para as montanhas para aprender a usar a espada como os seus irmãos, que usa todos os estratagemas para escapar dos enfadonhos trabalhos domésticos para os quais tem pouca habilidade. Helena, desde criança, mostra ter personalidade, ter ideias próprias, mostra que pensa sobre as coisas e dá a sua opinião, duvida das crendices sobre os deuses, embora os respeite, e quer ser livre de tomar decisões sobre a sua vida. Sabe-se que ela um dia será rainha de Esparta, mas, antes disso, a jovem Helena rege-se pela sua vontade e pelo desejo de aventura, pela ânsia de conhecer novos mundos.
Uma narrativa interessante, um tratamento divertido de alguns temas da cultura e civilização da Antiguidade, com a ironia dos tempos modernos.