Paulo Bugalho, A Cabeça de Séneca, Gradiva, Maio de 2011, 353 páginas.
Romance de estreia do autor, mereceu o Prémio Literário Revelação Agustina Bessa-Luís 2010, instituído pela Estoril-Sol.
Discurso denso de análise psicológica, revela personagens complexas, especialmente Pedro, o protagonista da história.
O espaço vai de Lisboa a Sintra e ao Alentejo, trazendo-nos recortes das vivências de três jovens amigos, situados numa sociedade em mudança. Em Pedro e no seu avô (sempre assim designado pois é isso que ele representa, um mundo que está a desaparecer) vemos reminiscências da família Maia de Eça de Queirós, nesse retrato de uma certa aristocracia em vias de extinção, perante um mundo de novos-ricos, no Portugal dos anos que se seguiram a Abril de 1974.
O título remete-nos para um ambiente de estudo, da juventude universitária envolvida em trabalhos de investigação, temas que acabam por deixar para trás dedicando-se a algo mais prático e mais contemporâneo.
Uma narrativa rica e fluente, de grande riqueza de linguagem, que explora os recônditos escondidos da alma humana e revela uma profunda formação clássica, com constantes recorrências ao filósofo latino Séneca e à poesia de Horácio e sua filosofia.